As gravações em campo ou entrevistas presenciais podem ser meio caóticas. Você tem que lidar com um monte de equipamentos, se adaptar às condições do ambiente e, muitas vezes, ainda tem que se preocupar em conduzir a conversa e extrair informações e histórias dos seus entrevistados. Além de tudo isso, um bom produtor também deve ter uma preocupação mínima sobre como todo aquele áudio que ele está gravando será usado na edição. Afinal, como vai ficar o produto final?

É muita coisa para pensar ao mesmo tempo, nós sabemos. Por isso listamos cinco práticas super simples que podem poupar várias horas de trabalho e algumas dores de cabeça na hora de editar o programa.

1. Gravar o som ambiente, mesmo que seja o “silêncio”

Vamos supor que você está fazendo uma gravação externa com um agrônomo, andando por uma fazenda enquanto ele responde perguntas e comenta sobre as plantações. A maior parte desse áudio terá o som ambiente da fazenda, junto com as vozes das pessoas, o barulho dos seus passos e, às vezes, até pequenas interferências geradas pela manipulação do microfone ou gravador. Por isso, quando estiver em campo, nunca esqueça de passar alguns minutinhos só capturando o som ambiente num lugar relativamente tranquilo (sem pessoas falando ou se movimentando no fundo). Durante a edição, quando você selecionar e entremear o áudio de campo com a narração e demais camadas de áudio, esse som ambiente mais “limpo” vai ser muito útil para suavizar emendas e reproduzir a atmosfera do lugar sem ruídos indesejáveis.

2. Num dia cheio de gravações, não esqueça de registrar o que está em cada arquivo

Sempre que possível, use um caderninho ou o bloco de notas do celular para registrar o nome/número de cada arquivo de áudio junto com algumas breves anotações sobre o que está gravado nele. Mas, se você estiver atribulado com gravadores, microfone e fios numa captação em campo (acredite, nós sabemos como é), uma boa alternativa é falar uma breve frase no microfone no começo de cada gravação para marcar o que está acontecendo. Por exemplo: “chegamos na fazenda, vamos encontrar Fulano”. Aí, na etapa seguinte do trabalho, você pode usar essas notas faladas para organizar rapidamente os seus áudios. 

Dica extra: sempre que possível, converse com o microfone e narre tudo o que está acontecendo e o que você está pensando. Isso também pode ajudar muito na escrita do roteiro. 

3. Parar a gravação e salvar o áudio periodicamente

Ninguém quer lidar com um arquivo de áudio de 3 horas. Além de mais pesado, é mais difícil navegar num arquivo desse tamanho. Então, periodicamente, pare a gravação e salve o áudio. E aí volte a gravar, seguindo as instruções da dica anterior. Isso vai ajudar na categorização dos áudios e também diminui os seus riscos de perder uma parte enorme da gravação caso ocorra um problema técnico com o seu equipamento.

4. Bater palma para sincronizar gravações independentes

Se você estiver gravando o mesmo áudio em mais de um aparelho, ou dois participantes de uma conversa independentemente, pode ser interessante usar a velha técnica da palma para facilitar a sincronização dos arquivos depois. É bem simples, você simplesmente bate uma palma perto dos microfones (se forem os dois lados de uma conversa remota, bata a palma sincronizada com a outra pessoa). Depois, na edição, é fácil achar o som da palma (a onda do áudio fica “estourada”) nos vários arquivos, e usar esse ponto para sincronizar os áudios.

5. Em entrevistas, reaja silenciosamente

Numa conversa gravada pessoalmente, você deve se mostrar engajado e interessado nas respostas do seu entrevistado. E, por mais que interações espontâneas entre as duas pessoas possam ficar bem legais no áudio, é bom tomar cuidado para não abusar. Se você inserir muitos ”nossa”, “uhum”, “exato”, enquanto seu entrevistado fala, você pode prejudicar o uso desses trechos na edição, já que a sua voz sobreposta também será gravada. Aprenda a usar sua expressão facial e corporal para interagir com a pessoa silenciosamente, e reserve as interjeições sonoras para alguns momentos especiais.