So You Want to Start a Podcast: sete passos para fazer o seu programa acontecer
Fazer um podcast não é tarefa fácil, mas Kristen Meinzer acredita em você. Afinal, você é uma pessoa única, especial e tem algo importante a dizer. Então sim, yes you can! Mas só porque você pode, será que você deve? E será que um podcast é realmente a melhor forma para comunicar ao mundo aquilo que só você pode comunicar?
É nesse estilo morde e assopra que a autora conduz o leitor pelas páginas de So You Want to Start a Podcast (2019). Sem deixar de fazer perguntas difíceis, o livro apresenta de maneira simples o passo a passo da produção e ajuda o produtor iniciante a encontrar a sua própria voz e fazer um podcast de qualidade.
Kristen Meinzer é uma produtora e apresentadora com mais de dez anos de estrada. Conhecida por projetos como Movie Date (WNYC) e When Megan Met Harry: A Royal Weddingcast (Panoply), ela atualmente é uma das vozes de By the Book (Stitcher), podcast em estilo reality show no qual, a cada episódio, as apresentadoras (Kristen e a comediante Jolenta Greenberg) se deixam guiar por um livro de autoajuda diferente.
Em So You Want to Start a Podcast, Kristen traz esses seus dois lados: a produtora experiente e a aficionada por literatura de autoajuda. São sete capítulos, um para cada momento da vida de um podcast: idealização, escrita, apresentação, casting, execução, distribuição e divulgação.
Apesar da sistematização, não se trata de um manual técnico. Você não encontrará análises detalhadas de equipamentos e softwares de edição. Encare o livro como um mapa do tesouro que mostra mais de um caminho possível, ou como uma longa e boa conversa com uma amiga que realmente se importa com você (e com aquilo que você quer mostrar ao mundo). Kristen, afinal, quer que tudo dê certo.
As muitas dicas e orientações da autora vêm sempre acompanhadas de um toque biográfico, trazendo os causos de sua carreira, as experiências que deram certo e, claro, as que deram errado. Esse chão da produção acaba sendo um dos aspectos mais legais da obra, já que te ajuda a lembrar porque os pontos levantados por Kristen são importantes (fica mais fácil entender como se define um público, por exemplo, depois de ler sobre a vida de Louise e Anwar, duas amigas imaginadas como ouvintes ideais do podcast By The Book).
Para resumir: o livro é uma boa pegada, tanto para iniciantes como para produtores experientes. Claro, algumas das orientações que Kristen traz são o arroz com feijão da produção em áudio, óbvias para alguns e fáceis de encontrar em outros livros e páginas de internet.
Mas o diferencial de So You Want to Start a Podcast é o brilho, a leveza e o bom-humor com que esse conteúdo é servido, o que faz com que você queira mantê-lo por perto para consultas nos momentos de crise ou dúvida.
Abaixo, sete dicas que o livro traz e que valem a pena serem lembradas:
- Saiba dizer por que você vai fazer um podcast. “Porque quero”, “porque todos estão fazendo” ou “porque eu e meu amigo Lucas somos engraçados” não são boas respostas. Saber o porquê é essencial para estruturar sua produção e dar personalidade ao seu programa. Alguns exemplos: “porque quero compartilhar o que aprendi trabalhando em uma reserva indígena”, ou “porque quero ajudar a combater o preconceito contra os pit bulls”, ou “porque sou um fabricante de pranchas de surf e quero construir uma comunidade de ouvintes que se identifique com a minha marca”.
- Ter estrutura é importante. Mesmo que seu podcast seja mais soltinho, ele precisa ter consistência e uma certa previsibilidade entre os episódios. Isso facilita a produção e cria conforto para o ouvinte. Não mude demais a divisão de blocos (ou a falta dela) de um episódio para o outro. O mesmo vale para o tempo de duração, o tipo de trilhas e efeitos sonoros, e o tom em que as histórias são narradas. Se seu ouvinte gosta da sua estrutura, ele voltará sempre (e para não cair na rotina, você poderá surpreendê-lo com pequenas mudanças).
- A diversidade faz toda a diferença. Trazer outras vozes para dentro do seu programa (pessoas negras e LGBTQIA+, por exemplo) não é só uma questão de justiça social. Se há pouca diversidade no mundo dos podcasts, um podcast com pluralidade de produtores, apresentadores e entrevistados tende a se destacar. A diversidade amplia o público e diminui os pontos cegos do programa, já que incorpora novos pontos de vista.
- Nunca peça feedback para quem te ama. Nem sempre as pessoas mais próximas são as mais indicadas para avaliar sua produção. Afinal, é difícil apontar defeitos no trabalho de alguém que passa o dia com você ou faz parte da sua família. Claro, existem exceções, mas são grandes as chances de você receber um feedback positivo para algo que está ruim. Procure outros canais mais confiáveis e que trarão críticas construtivas: pessoas da equipe, outros produtores, seus ouvintes, clubes de escuta e, é claro, você (sempre ouça seus próprios episódios e tome notas!).
- Há qualidades e defeitos que são universais. É verdade que fazer um podcast é uma atividade artística e criativa, mas nem tudo é subjetivo, nem tudo é questão de gosto. É sempre ruim para o ouvinte lidar com má qualidade de som, excesso de efeitos sonoros (que irritam e distraem) e inconsistências (no tom, na qualidade, na periodicidade). Por outro lado, todo ouvinte gosta de estrutura (e de programas que saibam fazer pequenos desvios sem perdê-la, mesclando conforto e surpresa) e de apresentadores carismáticos e empáticos.
- Nem só de áudio vive um podcast. Na hora de lançar e divulgar seu programa, os elementos visuais e textuais são muito importantes. Uma imagem mal feita ou um texto confuso podem afastar um ouvinte antes mesmo dele apertar play. A arte que aparece nos aplicativos agregadores, por exemplo, deve ser própria para uma visualização pequena, com texto legível (se tiver), sem exagero nos elementos visuais e consistente com o estilo do programa. Quanto aos textos (títulos e descrições), é sempre importante equilibrar clareza, objetividade e uso de termos relevantes que aparecerão nas buscas da internet.
- Assuma a sua identidade. Você é um produtor ou produtora de podcast. Ponto. Abrace essa identidade e se apresente assim para o mundo. Esteja em eventos, escreva newsletters e mantenha o engajamento com os seus ouvintes nas redes sociais. Faça aulas e cursos da área, permaneça em contato com outros produtores e aceite todos os convites que puder (e aproveite cada oportunidade para promover seu programa). Seja o melhor cartão de visitas que seu programa pode ter.