Pensar pauta, achar fonte, entrevistar, escrever roteiro, editar o episódio. Tudo isso (quase) todo dia. A dinâmica de produção de um programa diário é uma maratona. E, como toda maratona, demanda agilidade e estratégias para aproveitar o tempo ao máximo. 

Para ajudar quem faz ou está pensando em fazer um programa diário, o Cochicho conversou com a Jéssica Maes, produtora do Café da Manhã, podcast diário da Folha de S.Paulo e do Spotify, e com a Natália Silva, que é editora de som no jornal e dá uma mão na produção do Café da Manhã quando as coisas apertam. 

Vamos lá:

1. Tenha as fontes na manga. “Se você tem que entregar um trabalho todo dia, é preciso ter uma certa confiança de que você vai conseguir fazer a entrevista para o episódio acontecer. Então, um banco de boas fontes é essencial. E se, por exemplo, estou tentando achar um pesquisador, mas ele não atende o celular, então é possível que eu já tenha que correr atrás de outra pessoa”, diz Jéssica. “O mesmo vale para quando a entrevista está fraca. É desligar e já pensar que precisa falar com outra pessoa”, acrescenta Natália. 
2. Pensar e agir em equipe. “Temos um documento de texto compartilhado com toda a equipe. Todo mundo vê o roteiro e lê as perguntas. E as entrevistas nunca são só com os apresentadores, todos participamos, incluindo editores de som e produtores. É um esforço coletivo para que a gente consiga entregar um bom produto final”, explica Jéssica. “E quando não estamos conseguindo falar com alguma fonte ou o áudio não está bom, não ficamos enrolando, tentando resolver sozinhos. Falamos para a equipe o mais rápido possível para que outras pessoas também possam ajudar a resolver o problema”, completa Natália.
3. Encontre o ritmo ideal da produção. “Por exemplo: não dá tempo de terminar a entrevista e depois todos ouvirem. Então, todo mundo participa da entrevista para entender o assunto e prestar atenção no que é preciso checar e onde podemos adicionar as sonoras [trechos de falas] que complementam a entrevista”, diz Jéssica.
4. Seja criterioso com as sonoras. Segundo Jéssica, como há um limite de tempo, nada entra no episódio à toa. Além de garantir que cada sonora faça sentido e tenha um papel na história, é fundamental se atentar à qualidade do material. “Um áudio ruim vai cansar o ouvinte. Mesmo que seja uma frase bombástica, se a qualidade estiver ruim, é melhor colocar na sua boca, no seu roteiro. Se um áudio te incomodou, irá incomodar o ouvinte também”. 
5. Preste atenção no tempo das entrevistas. “Na produção diária, ter material demais assusta. Vá direto ao ponto e seja focado, isso dará menos trabalho na hora de roteirizar. Se você entrevista alguém, é porque a pessoa entende do assunto, então é preciso dar oportunidade para essa pessoa amarrar o assunto muito bem. Não tenha medo de ir direto ao ponto”, recomenda Natália. 
6. Reserve mais de um dia de produção para os episódios especiais. “No Café da Manhã, já fizemos episódios especiais, como o especial sobre ensino à distância, em que buscamos especialistas, professores e pais do Brasil inteiro. A gente tinha cinco horas de entrevistas. Fazer as entrevistas, escrever o roteiro e ver o que pode ser cortado é muito trabalhoso e não cabe em um só dia”, alerta Jéssica. 

Ouça o Café da Manhã aqui.