Guia básico para usar compressor e equalizador em podcasts

Guia básico para usar compressor e equalizador em podcasts

Cuidados para tratar a voz sem descaracterizá-la

Para fazer ajustes e tratamentos em locuções ou entrevistas para podcast, é preciso saber escutar as sutilezas e entender até onde a edição pode ir sem distorcer o áudio ou descaracterizar as vozes (a não se que essa seja a intenção).

Com sensibilidade e ouvidos bem treinados, você pode experimentar de tudo, desde as funções nativas do seu software de edição até os plugins mais avançados para realçar a fala e corrigir defeitos.

Neste post, vamos falar de dois pontos básicos: filtro de equalização (EQ) e compressor. E mais um elemento extra que não tem a ver só com as vozes, mas com a mixagem toda: os volumes finais para a publicação do episódio.

Aviso: não há fórmula perfeita, então lembre-se de testar cada etapa e ver o que funciona no material que você tem. Confie nos seus ouvidos.

Equalização (EQ): filtre as frequências mais baixas

O filtro de equalização pode ser usado por diferentes motivos. Tornar uma entrevista gravada por telefone mais compreensível, dar um efeito antigo na voz, amenizar um s muito sibilado. Mas o básico do básico é utilizá-lo para reduzir ruídos indesejados causados pelo vento, pelo manuseio do microfone ou pelas vogais plosivas (aquelas que causam pequenas explosões de ar ao sair da boca, como o p).

Na maioria das vezes, frequências abaixo de 80 Hz não contêm nada de relevante para a locução. Experimente colocar seu high-pass filter entre 80-100 Hz para eliminar o que estiver abaixo disso.

Print de tela do Adobe Audition com filtro de equalização
Print feito no Adobe Audition

Esse ajuste pode variar para mais ou menos dependendo da voz que você está tratando. Vá arrastando a linha e ouvindo com cuidado para filtrar sem prejudicar a fala.

Compressor: suavize os picos de volume

Nossa fala tem altos e baixos naturais. Às vezes a gente se empolga e as palavras saem com mais energia ou soam quase gritadas, dependendo do nível de euforia. Em outros momentos, a gente relaxa e amansa a fala.

Essas variações são bem-vindas (ninguém quer soar como um robô), mas determinados picos podem incomodar os ouvintes. O jogo é saber dosar a compressão para balancear a fala sem achatá-la além do necessário.

Compressores funcionam com base nos seguintes controles: limite (threshold), proporção (ratio), ataque (attack), versão (release) e ganho de saída (gain). Mas vale lembrar que esses nomes podem variar de um software para outro. O limite pode aparecer como limiar e o ajuste de versão pode aparecer como tempo de relaxamento, por exemplo.

Print de tela de compressor do Adobe Audition.
Print feito no Adobe Audition

Uma boa configuração para começar a experimentar o compressor é:

  • Proporção: 1,5:1
  • Ataque: 11 ms
  • Versão: 110 ms
  • Ganho: 2 dB
  • Limite: vá abaixando aos poucos o limite até que o medidor mostre entre 2 e 3 dB de redução, podendo chegar a 5 ou 6 dB numa palavra ou trecho mais enfático da narração.

Volume final: prepare o episódio para os ouvidos e plataformas

Esse passo vem depois de tudo, quando o episódio está a um passo de ser publicado. Você já se certificou que todos os elementos do episódio (locução, entrevistas, trilhas) estão com volumes agradáveis e equilibrados. Não tem nada muito alto, nem muito baixo; sem sustos e sem trechos difíceis de escutar. Você também já exportou a mixagem prontinha.

Agora, é preciso adequar o volume geral do arquivo que vai chegar aos seus ouvintes. Para fazer upload do programa no Spotify e em outros tocadores de podcast, o ideal é ajustar a correspondência de volume para -16 LUFS, se o arquivo for stereo, ou -19 LUFS, ser for mono. Já o nível máximo de pico pode ficar em -1 dBTP.


+ informações: NPR Training | PodNews | Izotope